Informatização Pedagógica? Até agora um grande problema

Artigo escrito nos anos 2000, em revista de papel, que trata de tecnologia, inovação e educação

EDUCAÇÃOTECNOLOGIAREFLEXÃOINOVAÇÃO

Ralph Rangel

1/1/20003 min ler

Informatização Pedagógica? Até agora um grande problema

Para podermos compreender melhor este assunto, será preciso fazer uma breve viagem no tempo. Ano de 1995. A utilização de computadores começa a ser impulsionada pela Internet. A grande rede de computadores promete definitiva democratização da informação. Finalmente, a Microsoft lança o Windows 95, um software que promete ser à prova de falhas e que tornará o computador muito mais fácil de se manipular. Para os usuários de educação, está é a grande chance de poder ter a qualquer momento a informação fácil e rápida.

As instituições de ensino então se preparam para a aquisição de equipamentos de informática para montagem de laboratórios; técnicos em informática são contratados para ministrar aulas de Windows, Word, Excel e Power Point. Agências de publicidade e propaganda ficam responsáveis em anunciar a boa nova: “Temos laboratório de informática”.

Realizados todos os preparativos e iniciadas as aulas, alunos super motivados; afinal, quem não gosta de novidades, ainda mais crianças e jovens. Começam também os primeiros sintomas de que as coisas não vão bem. Os técnicos contratados muito sabem de informática, porém a didática aplicada aos alunos é deficiente; percebe-se que constantemente os computadores são vítimas de vírus, trazidos em disquetes de joguinhos dos alunos; panes e os travamentos são constantes. Os alunos começam a se desmotivar e transformam as aulas de informática em verdadeiras extensões do recreio, já que o calendário escolar foi montado em cima de uma situação “perfeita” de controle sobre todos os recursos.

Dentro deste cenário começam a surgir as primeiras baixas. Técnicos são dispensados, laboratórios são fechados, a promessa de laboratório de informática já não faz parte dos anúncios de propaganda das escolas. É, parece que o sonho acabou!

Este cenário, pouco animador, infelizmente é a pura realidade da maioria das instituições de ensino que se aventuraram a inovar e a utilizar o computador como ferramenta aliada à educação. Mas então, por que todo esse processo falhou e ainda falha? Por que a tão sonhada informatização pedagógica é um grande problema?

Primeiro é preciso saber que Windows, Word, Excel não são ferramentas aliadas ao ensino pedagógico; são apenas ferramentas para agilizar processos de escritórios. O corpo docente da instituição deve ser preparado para lidar com equipamentos e recursos de informática, entender e compreender que o computador é uma ferramenta produtiva de trabalho, se utilizada de maneiranbsp;correta. Esta preparação do corpo docente deve ser conjugada com a escolha certa do software pedagógico que vai ser ministrado no laboratório de informática, como extensão e prática das aulas teóricas de classe. Outro ponto fundamental deve ser a utilização da internet como ferramenta produtiva de consultas e aprendizado.

Cabe, portanto, ao corpo docente da instituição e à coordenação pedagógica a perspicácia de elaborar trabalhos e pesquisas inteligente na internet, para que a tarefa do aluno não seja simplesmente a de procurar na internet o tema abordado, “copiar” e “colar” no editor de textos, e jogar fora todo o processo de aprendizado e de conhecimento. Observamos assim que a peça primordial para o sucesso da informatização pedagógica é a reciclagem do corpo docente da instituição juntamente com a aplicação de um bom projeto pedagógico que utilize plenamente as funções e os recursos da informática.

Ralph Rangel é desenvolvedor de software, professor em cursos de MBA. Foi Superintendente na Secretaria de Educação e Cultura do Estado de Goiás. Foi Secretário Executivo na Secretaria de Inovação, Ciência e Tecnologia do Município de Goiânia

Publicado originalmente em 2002, escrito em 2000